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Lançada em 2019 pela Netflix, a série “Sintonia” rapidamente conquistou o público brasileiro, especialmente os jovens das grandes cidades. Criada por KondZilla, em parceria com Guilherme Quintella e Felipe Braga, a série mergulha na vida de três amigos que vivem na periferia de São Paulo e lutam para alcançar seus sonhos enquanto enfrentam os desafios sociais que os cercam. Com uma narrativa intensa, linguagem autêntica e forte apelo emocional, Sintonia tornou-se uma das séries nacionais mais impactantes dos últimos anos.


Sinopse e enredo central

A história gira em torno de três protagonistas:

  • Doni (MC Doni): um jovem que sonha em se tornar um cantor de funk de sucesso.
  • Nando: envolvido com o tráfico de drogas, tenta equilibrar o crime com a responsabilidade de sustentar sua família.
  • Rita: uma adolescente que encontra força na religião evangélica e tenta trilhar um caminho diferente do que a vida na comunidade parece oferecer.

A série mostra como esses três mundos — música, crime e — se entrelaçam e influenciam a trajetória dos personagens, todos oriundos da mesma favela, em busca de pertencimento, sobrevivência e identidade.


Realismo e linguagem autêntica

Um dos pontos mais marcantes de Sintonia é o realismo. A série foi gravada em locações reais, com ambientações que retratam de forma crua e honesta a vida nas periferias paulistanas. A linguagem dos personagens é fiel ao vocabulário das ruas, com gírias e expressões típicas, o que cria uma conexão imediata com o público jovem.

O uso do funk, tanto como trilha sonora quanto como tema central da narrativa, também contribui para a autenticidade da obra. A música é tratada como forma de resistência, ascensão social e expressão cultural.


Elenco jovem e promissor

O elenco de Sintonia conta com novos talentos e rostos conhecidos do cenário musical e audiovisual:

  • Jottapê interpreta Doni, trazendo sua própria experiência como cantor de funk para o personagem.
  • Christian Malheiros, premiado por sua atuação no filme Sócrates, dá vida a Nando com intensidade e profundidade.
  • Bruna Mascarenhas brilha como Rita, demonstrando vulnerabilidade e força ao mesmo tempo.

O trio principal apresenta uma química convincente, e o desenvolvimento emocional dos personagens ao longo das temporadas é um dos grandes trunfos da série.


Funk, fé e favela: os três pilares

A série se destaca por explorar três pilares fundamentais da juventude periférica: a música (especialmente o funk), a fé (com destaque para igrejas evangélicas) e o crime (representado pelo envolvimento com o tráfico de drogas).

  • O funk é retratado como um meio legítimo de transformação social. Doni enfrenta o preconceito da sociedade e da própria família ao escolher esse caminho.
  • A religião aparece na figura de Rita, que encontra apoio, orientação e pertencimento em sua igreja. Ao mesmo tempo, a série também mostra os conflitos e contradições dentro do ambiente religioso.
  • O tráfico é representado por Nando, que apesar de envolvido com o crime, não é estereotipado como um vilão — ele é um pai, marido e amigo, preso em um sistema maior do que ele.

Repercussão e impacto cultural

Desde sua estreia, Sintonia tornou-se um fenômeno nas redes sociais. O público elogiou a representatividade, a originalidade e a forma como a série aborda temas como:

  • Desigualdade social
  • Preconceito de classe e racial
  • Relação entre arte e marginalização
  • Religião e juventude
  • Criminalização da cultura periférica

A série também impulsionou a carreira de seus protagonistas e consolidou a Netflix como uma das principais produtoras de conteúdo original no Brasil.


Temporadas e continuidade

Até 2025, Sintonia já conta com quatro temporadas, todas bem recebidas tanto pela crítica quanto pelo público. Cada nova temporada aprofunda os dilemas morais, sociais e emocionais dos personagens.

  • Doni lida com os altos e baixos da fama e os desafios da indústria musical.
  • Nando mergulha cada vez mais fundo no mundo do crime, enfrentando dilemas éticos e ameaças internas.
  • Rita se envolve com política comunitária, ampliando sua atuação além da religião.

A série evolui junto com seus personagens, sem perder o foco nas raízes que os unem.


Críticas e elogios

Sintonia foi amplamente elogiada por sua direção, trilha sonora, roteiros consistentes e abordagem sem filtros. No entanto, alguns críticos apontaram que, em certos momentos, a série poderia aprofundar mais a complexidade dos temas abordados.

Ainda assim, o consenso geral é de que Sintonia é um marco na produção audiovisual brasileira por retratar de forma verdadeira uma parcela da população frequentemente invisibilizada nas grandes produções.


Conclusão

“Sintonia” não é apenas uma série sobre três jovens da favela: é um retrato sensível, duro e necessário da juventude brasileira. Com personagens cativantes, temas relevantes e narrativa envolvente, a série se destaca como uma das produções nacionais mais importantes da década.

Mais do que entretenimento, Sintonia é um grito de voz — da favela para o mundo.