Lançada entre 26 de março e 19 de outubro de 2012, Avenida Brasil é uma das telenovelas brasileiras mais icônicas e impactantes da história. Escrita por João Emanuel Carneiro e produzida pela Rede Globo, a trama teve 179 capítulos e conquistou uma audiência média de 42 pontos e cerca de 69% de participação das televisões ligadas.
Enredo envolvente
A narrativa gira em torno da vingança de Nina (Debora Falabella), abandonada na infância pela vilã Carminha (Adriana Esteves), que a cria apenas para explorá-la. Após a morte do pai, Nina retorna à Avenida Brasil disfarçada, com o objetivo de desmascarar Carminha, que agora vive em luxo com o marido aposentado e ex-jogador de futebol Tufão (Murilo Benício). A história mistura suspense, drama familiar, humor e críticas sociais, sempre mantendo o público ansioso para descobrir “quem matou Max?” — o amante de Carminha.
Público e repercussão
A novela se tornou fenômeno de audiência: o último capítulo foi assistido por cerca de 80 milhões de pessoas, e há histórias de eventos adiados e ruas vazias de tão grande era o interesse. Inclusive, o horário de um pronunciamento da então presidente Dilma Rousseff foi alterado para não coincidir com a exibição do episódio final. Momentos como o famoso “congelamento” no fim dos capítulos e memes sobre Carminha dominaram as redes sociais, com hashtags figurando entre os tópicos mais comentados do mundo.
Impacto econômico
O sucesso comercial também foi estrondoso: com mais de 500 anunciantes — incluindo grandes marcas nacionais e internacionais — estimou-se que a novela rendeu cerca de R$ 2 bilhões para a Globo, ancorada num investimento de aproximadamente US$ 45 milhões. Isso a transformou no produto televisivo latino-americano mais lucrativo até então.
Alcance internacional
Avenida Brasil foi exportada para ao menos 150 países, com dublagem em mais de 20 idiomas, convertendo-se na telenovela brasileira de maior alcance internacional. Em países como Portugal, a novela bateu recordes de audiência — chegando a 36% de participação no mercado televisivo — e tornou-se referência do gênero globalmente.
Personagens e retratos sociais
A novela trouxe personagens autênticos da classe média emergente — o chamado “classe C” – e marcou uma mudança de paradigma no estilo tradicional da Globo, que anteriormente focava em personagens da elite. Tufão, protagonista carismático, une origem humilde e status, enquanto personagens como Suelen e Monalisa representam o brilho e os dilemas de diferentes estratos sociais. Essa renovada visão social ampliou o alcance do drama.
Inovação narrativa e estética
Com forte influência do neorrealismo e do melodrama clássico, a telenovela usou linguagem moderna e ágil, mesclando momentos de humor, suspense e crítica social. A cena da vingança de Nina, entre os capítulos 103 e 132, é apontada como ponto alto, resgatando a aura folhetinesca com sensibilidade e novas visões sobre gênero e classe. A abertura musical, com a canção “Oi Oi Oi”, virou marca registrada.
“Second screen” e engajamento digital
Foi um dos primeiros fenômenos de second screen no Brasil, com espectadores assistindo à novela enquanto comentavam nas redes sociais — especialmente no Twitter e Facebook. Estima-se que 43% dos brasileiros navegavam na internet durante a exibição dos capítulos, criando uma experiência de entretenimento paralela e complementar.
Reconhecimento e legado
A produção recebeu 108 indicações a prêmios, vencendo 36 — incluindo reconhecimento pela atuação de Adriana Esteves, Débora Falabella e Murilo Benício. Seu autor, João Emanuel Carneiro, foi apontado entre os 100 brasileiros mais influentes do ano.
A novela também serviu de base para adaptações internacionais, como na Turquia, e incentivou séries derivadas virtuais, reforçando tendências narrativas no audiovisual brasileiro.