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“Dom” é uma série brasileira lançada em 2021 pela Amazon Prime Video. Criada por Breno Silveira, a produção mistura ação, drama policial e elementos biográficos, contando a história real e trágica de Pedro Dom, um dos criminosos mais conhecidos do Rio de Janeiro nos anos 2000, e seu pai, Victor Dantas, um ex-policial que dedicou a vida a tentar salvar o filho do vício e do crime.

Enredo baseado em fatos reais

A narrativa gira em torno da relação intensa entre pai e filho: Pedro Dom é um jovem bonito, de classe média alta, que se envolve com drogas ainda na adolescência. À medida que se aprofunda no vício em crack, Pedro acaba se tornando líder de uma quadrilha especializada em invadir e assaltar condomínios de luxo no Rio. Do outro lado, seu pai Victor, que trabalhou como agente do serviço de inteligência da polícia, tenta desesperadamente resgatar o filho e afastá-lo do mundo do crime.

A série alterna entre diferentes períodos da vida de Victor e Pedro, mostrando o passado do pai infiltrado entre traficantes, e o presente caótico e destrutivo da vida de Pedro. Essa estrutura paralela intensifica o drama e revela como a violência, as escolhas e o contexto social moldam tragédias familiares reais.

Profundidade emocional e crítica social

Mais do que uma história policial, Dom é um retrato humano e profundo da luta de uma família contra o vício, da impotência de um pai diante da autodestruição do filho e da falência de um sistema social que criminaliza o usuário, mas não oferece tratamento ou acolhimento eficaz. A série discute o consumo de drogas entre jovens das classes mais altas, um tema pouco abordado na televisão brasileira.

Além disso, critica abertamente a corrupção policial, a ineficiência do Estado e os contrastes sociais do Brasil, sobretudo no Rio de Janeiro — onde favelas convivem lado a lado com bairros de luxo. Dom humaniza o criminoso sem romantizá-lo e mostra a dor por trás das manchetes de jornais.

Elenco e atuações

O protagonista Pedro Dom é interpretado por Gabriel Leone, que entrega uma atuação intensa e comovente, transmitindo ao mesmo tempo o carisma e a fragilidade do personagem. O ator mergulhou no papel e passou por preparação psicológica e física para interpretar um jovem dependente químico em colapso constante.

Flavio Tolezani, no papel de Victor Dantas, é outro destaque. Com sutileza e firmeza, ele encarna o pai protetor, determinado e ao mesmo tempo vulnerável diante da impotência de ver o filho se autodestruindo.

O elenco de apoio também é sólido, com boas interpretações de Raquel Villar (como Jasmin), Isabella Santoni, Ramon Francisco e Digão Ribeiro.

Produção de alto nível

Filmada em diversas locações reais do Rio de Janeiro, como favelas, praias e condomínios da zona sul, Dom tem uma estética visual de alto nível. A cinematografia, a direção de arte e a trilha sonora contribuem para criar uma atmosfera envolvente, tensa e realista.

A montagem da série — alternando entre passado e presente — é fluida e eficaz, criando suspense constante e aprofundando o vínculo emocional com os personagens. As cenas de ação são bem coreografadas e realistas, sem exageros hollywoodianos.

Sucesso nacional e internacional

Dom foi um dos primeiros grandes sucessos originais brasileiros da Amazon Prime Video. Ganhou notoriedade não só no Brasil, mas também em outros países da América Latina e da Europa. A repercussão positiva levou à renovação da série para novas temporadas.

Críticos destacaram a originalidade do roteiro, a qualidade da produção e a coragem de abordar um tema delicado com respeito e profundidade.

Realidade e ficção

Embora baseada em fatos reais, Dom não é um documentário. A série toma liberdades narrativas para compor um drama mais dinâmico, mas mantém a essência da história verdadeira de Pedro Dom — cujo nome real era Pedro Machado Lomba Neto. Ele foi morto pela polícia em 2005, aos 23 anos.

A história causou comoção no Rio na época, não só pela violência dos assaltos cometidos, mas também pela imagem contrastante de um “bandido bonito”, de classe média, dependente químico e com uma família estruturada, fugindo dos estereótipos comuns.

Legado da série

Dom abriu caminhos para novas produções brasileiras com qualidade internacional, abordando temas reais com profundidade e sensibilidade. Mostrou que o Brasil pode produzir séries densas, emocionantes e visualmente impecáveis, capazes de dialogar com audiências globais.

Além disso, levantou importantes discussões sobre drogas, juventude, estrutura familiar e violência urbana — trazendo o público para reflexões mais humanas e menos maniqueístas.

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